a formação da canon
A Formação do Canon ::
Texto: Pr. Pedro Apolinário
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A
palavra cânon, desde a sua etimologia, até o atual sentido de conjunto de
livros da Bíblia, conserva o sentido de medida diretiva ordenadora.
O
termo grego "Cânon" é de origem semítica, pois em hebraico
"ganeh", significa regra, régua para medir, varinha direita.
O
grego clássico acentua o sentido figurado da palavra e cânon designa a vara,
o nível, o esquadro, o braço da balança, norma, padrão, depois a meta a ser
atingida, a medida infalível. Aristóteles chama o homem bom de cânon ou
métron da verdade. Em português o termo é usado também no sentido de norma,
como nesta frase de Aquilino Ribeiro. "Havendo fugido ao cânon da beleza
consagrada."
Na
linguagem profana a idéia essencial da palavra é de linha reta ou direita,
como se conclui de outras palavras que têm a mesma raiz: cana, canal, canhão.
Dentre
os prelados da igreja aparece um grupo chamado de cônegos, porque estes
deveriam conformar-se com as regras da fé e do procedimento.
Os
cristãos do II século denominavam os ensinos sagrados da seguinte maneira:
"o cânon (regra) da Igreja", "o cânon da fé", "o
cânon da verdade." Estas expressões nos fazem compreender porque os Pais
da Igreja utilizaram a palavra para designar tudo quanto serve de fundamento
à religião, regra da fé e da verdade e por fim o livro que contém as normas
diretivas para uma correta vida cristã. Em meados do quarto século toda a
coleção dos livros sagrados passou a ser designada como o cânon. Foi Atanásio
quem lhe deu, pela primeira vez, este nome. A princípio a palavra cânon
designava apenas a lista dos livros sagrados, mas depois passou a designar os
próprios escritos, indicando assim que as Escrituras são a regra de ação
investida com autoridade divina.
No
Novo Testamento a palavra aparece em 5 passagens: Gálatas 6:16; II Coríntios
10:13, 15, 16 e Filipenses 3:16 (esta última não aparece em todos os
manuscritos gregos, como indica o Aparato Crítico). Em Gál, 6:16, Paulo a
usou no sentido grego de "uma regra", mas que em sentido religioso
seria "norma da verdadeira vida cristã."
O
SDABC, vol. I, pág. 36, declara:
"Uma
compreensão correta da história da Bíblia e a coleção de seus livros não
somente é de grande interesse para o leitor da Palavra de Deus, mas é
necessária para refutar as falsas alegações dos que estão influenciados em
seu pensamento pela alta crítica. Desde que, às vezes, se tem afirmado que a
coleção dos livros do Antigo Testamento foi feita pouco antes do ministério
de Jesus Cristo, ou no Concílio Judeu de Jânia, depois da destruição de
Jerusalém pelos romanos, no ano 70 DC, é necessário conhecer os fatos para
ver a falácia de tais afirmações."
Cânon
do Velho Testamento
Este
estudo envolve algumas perguntas que tanto podem ser feitas para o Velho Testamento
quanto para o Novo Testamento, tais como:
– Quem
organizou o cânon?
– Como
foi ele organizado?
–
Quando foi feito este trabalho?
– Por
que foi feito?
Nas
explicações que se seguem são encontradas de maneira bem explícita ou latente
respostas para cada uma destas inquirições.
No
sentido religioso canonizar um livro significa:
1º)
Reconhecimento de que o seu ensino era divino;
2º)
Conseqüente aceitação que o escrito possui autoridade religiosa reconhecida
por uma comunidade ou pelos seus dirigentes.
Como
os Livros Foram Canonizados?
Foi um
processo de acrescentamento gradual. E a divisão em Lei, Profetas e Escritos
confirma esta afirmação. Foi o resultado do trabalho de um conjunto de
pessoas. Não foi a autoridade eclesiástica que o criou, esta apenas sancionou
e fixou a coleção de escritos que vinham sendo reconhecidos como divinos.
Por
Que Foi Feito?
Porque
Deus orientou Sua Igreja diante das necessidades prementes, como o
aparecimento de heresias e de livros não inspirados.
O
cânon reduzido de Marcion mostrou a necessidade de uma coleção de todos os
livros inspirados do Novo Testamento.
A
difusão do cristianismo entre outros povos indicou a indispensabilidade de se
traduzir a Bíblia para outras línguas. Como fazer se os vários livros ainda
não se encontravam definitivamente fixados.
Quem
Organizou o Cânon?
Muitos
livros fazem referências à "A Grande Sinagoga" um Conselho, do qual
Esdras era o presidente, e que incluía entre os seus 120 membros, Neemias,
Ageu, Zacarias, Malaquias, Daniel e Simão o Justo. Embora o Talmude atribua a
ratificação do cânon hebraico aos membros desta sinagoga, alguns eruditos
afirmam que a Grande Sinagoga não passa de uma lenda que surgiu no século
XVI, sendo ela o produto de uma ficção rabínica.
Quase
todos os estudiosos deste assunto concluem que Esdras e Neemias colecionaram
os livros sagrados do Velho Testamento e fecharam o cânon, entre os anos 430
e 420 a.C. Alguns autores mais precisos fixam a data em 432 a.C.
Isto é
evidente das seguintes conclusões:
a) Os
livros históricos da Bíblia registram acontecimentos que se realizaram até o
sexto e quinto séculos a.C. e não mais tarde;
b) O
historiador Flávio Josefo (70 S.D.) em sua catilinária Contra Ápion 1: 8 nos
afirma que os judeus no tempo de Cristo estavam convictos de que o cânon
tinha sido fixado no tempo de Esdras e Neemias.
No
livro Profetas e Reis, página 609, há esta elucidativa explicação:
"Os esforços
de Esdras para reavivar o interesse no estudo das Escrituras receberam forma
permanente, graças ao seu laborioso e constante esforço no sentido de
preservar e multiplicar os Sagrados Escritos. Ele reuniu todos os exemplares
da lei que pôde encontrar, mandando-os transcrever e distribuir. A Palavra
pura, assim multiplicada e posta nas mãos de muitos, proveu o conhecimento
que era de inestimável valor."
Na
mesma sátira Contra Ápion, já citada acima, Josefo apresenta a teoria dos
judeus sobre o cânon, cujas principais características são:
1ª)
Inspiração divina;
2ª) A
santidade objetiva dos livros, comparados com a literatura profana;
3ª) A
limitação numérica em 22 livros (os 24 livros se originaram da separação de
Rute de Juízes, e de Lamentações de Jeremias;
4ª) A
inviolabilidade do texto. Todos os escritos teriam sido compostos entre
Moisés e Artaxerxes I (falecido em 424 a.C.).
Os
judeus haviam estabelecido outros princípios para os livros do Velho
Testamento figurarem ou não no cânon, e estes eram:
a) Estar
em conformidade com a Lei;
b) Ter
sido escrito na Palestina;
c) Redigido
na língua hebraica.
Alguns
estranham que Flávio Josefo fale em 22 livros e não em 24 como normalmente
são citados para o cânon do Velho Testamento.
O
cânon apresentado por Josefo divide os livros do Antigo Testamento em três partes:
5 livros de Moisés, 13 livros dos profetas e 4 livros contendo hinos e regras
de vida. Origenes também fala em 22 livros. O próprio Jerônimo também se
refere a 22 livros, mas conhece o arranjo que leva a 24 livros.
Parece-nos
pelo estudo feito que os 22 não foram divididos para chegar a 24, mas estes
agrupados para terem apenas 22. Conclui-se que o intuito de Josefo era o
mesmo de alguns rabinos, de obterem uma correspondência entre o número dos
livros e o das letras do alfabeto hebraico. Para chegar a 22 anexaram o livro
de Rute a Juízes e as Lamentações ao de Jeremias. Como o alfabeto hebraico
tem mais cinco letras finais, não faltou quem contasse 27 livros, fazendo
para isso subdivisões em Reis, Esdras e outros livros.
A
divisão que temos hoje de 39 livros tem sua origem na Septuaginta, tradução
do hebraico para o grego.
Os
judeus dividiam os 24 livros em seções:
1ª) A
Lei (Torah), contendo os primeiros cinco livros, que os Setenta chamaram de
Pentateuco: a) Gênesis, b) Êxodo, c) Levítico, d) Números, e) Deuteronômio.
2ª) Os
Profetas (Nebilim), num total de oito livros, subdivididos em:
a) Quatro
antigos ou anteriores – Josué, Juízes, Samuel e Reis;
b) Quatro
posteriores – Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores num só
livro.
3ª) Os
Escritos (Ketubim), chamados no texto grego "hagiógrafos" (escritos
sagrados) são formados de três grupos, num total de 11 livros:
a) Livros
Poéticos – Salmos, Provérbios e Jó;
b) Os
Cinco Megilotes (rolos) – Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações,
Eclesiastes, Ester;
c) Os
outros livros – sem uma nomenclatura específica – Daniel, Esdras e Neemias,
Crônicas.
Os
judeus modernos gostam de designar sua Bíblia com a palavra TeNaK, vocábulo
criado com a aproximação das letras iniciais das três partes: T de Torá, N de
Nebilim e K de Ketubim.
A Alta
Crítica afirma que a divisão do cânon nestas três partes, indica três
estágios diferentes ou períodos de tempo de canonização. Para ela o
Pentateuco foi canonizado depois do exílio Babilônico, 432 a.C., nos dias de
Esdras e Neemias; os profetas foram canonizados entre 300 e 200 a.C.; os
Escritos o foram no período de 160 a 150 a.C. O cânon completo foi
oficialmente ratificado em 90 A.D. pelo Concílio de Jânia.
Estas
asseverações nos fazem lembrar das palavras de Ellen G. White em Atos dos
Apóstolos, página 474:
"Como nos
dias dos apóstolos os homens procuravam destruir a fé nas Escrituras pelas
tradições e filosofias, assim hoje, pelos aprazíveis sentimentos da 'alta
crítica', evolução, espiritismo, teosofia e panteísmo, o inimigo da justiça
está procurando levar as almas para caminhos proibidos. Para muitos a Bíblia
é uma lâmpada sem óleo, porque voltaram suas mentes para canais de crenças
especulativas que produzem má compreensão e confusão. A obra da 'alta
crítica', em dissecar, conjecturar, reconstruir, está destruindo a fé na
Bíblia como uma revelação divina."
A
divisão em três partes não visa indicar três fases da canonização, mas antes
a posição oficial ou a ocupação de seus autores, 1ª) A parte inicial é obra
do grande legislador do povo de Israel. 2ª) A segunda parte foi redigida por
pessoas escolhidas por Deus para o sublime trabalho de profetizar. 3ª) A
terceira parte foi produzida por homens privilegiados com o dom profético,
mas que se dedicavam a outros trabalhos, como Davi, Salomão, Esdras, Neemias
e Daniel.
A
divisão do Antigo Testamento em três partes foi confirmada pelo próprio
Cristo. . . importava que se cumprisse tudo o que de Mim está escrito na Lei
de Moisés, nos Profetas e nos Salmos, que é o primeiro livro da terceira
divisão. (Lucas 24:22).
No
texto grego da Septuaginta, o cânon do Velho Testamento foi dividido em
quatro seções:
1ª)
A Tora, a Lei, ou seja o Pentateuco, com os cinco primeiros livros;
2ª)
Os livros históricos – de Josué até Crônicas e mais outros como Esdras,
Neemias, Ester;
3ª)
Os livros poéticos – Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares;
4ª)
Os livros proféticos – os quatro maiores, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel
e os doze menores.
Cristo
e os apóstolos aceitaram o cânon do Velho Testamento, como se pode deduzir de
inúmeras passagens: Luc. 24:44, João 5:46-47, II Tim. 3:15-16, II Ped. 1:19,
21. A Igreja Cristã também aceitou todos os 24 livros canônicos do Velho
Testamento. Destes livros não foram citados no Novo Testamento apenas os
seguintes: Ester, Eclesiastes, Esdras, Neemias, Obadias, Naum e Sofonias.
Comentando
o problema do cânon do Velho Testamento na igreja cristã, afirma o Comentário
Bíblico Adventista, vol. I, página 45:
"A história
do cânon do Velho Testamento na igreja cristã, centraliza-se na questão a
propósito da aceitação ou rejeição da Apócrifa Judaica. Posto que estes
livros fossem rejeitados pelos apóstolos e escritores cristãos até a metade
do 2º século, e na verdade mesmo pelos próprios judeus, estes escritos
espúrios desafortunadamente encontraram acolhida na igreja cristã aí pelo fim
do 2º século. Desde esse tempo, nunca mais foram banidos da Igreja Católica.
Os reformadores tomaram firme posição para rejeitarem a Apócrifa, mas após a
sua morte os livros apócrifos acharam entrada mais uma vez em algumas igrejas
protestantes, contudo foram finalmente rejeitados pela maioria delas no
século XIX."
Uma
das provas mais cabais da aceitação do cânon do Velho Testamento pelos
escritores do Novo encontra-se nas seguintes afirmações do Dr. Siegfried H. Horn, encontradas no Comentário Bíblico
Adventista, vol. I, página 42:
"O autor
deste artigo contou 433 claras citações no Novo Testamento, e achou que 30
dos 39 livros do Velho Testamento são definitivamente citados. Os nomes de 10
livros ou seus autores são mencionados em 46 passagens do Novo Testamento, a
inspiração de 11 livros do Velho Testamento é reconhecida pela citação
introdutória com as palavras de que seu autor era Deus ou o Espírito Santo, e
o termo escrito é aplicado em 21 passagens de 11 livros do Velho Testamento,
enquanto 73 declarações do Velho Testamento são introduzidas pelo termo
técnico "está escrito".
Mais
de uma vez ouvimos a afirmação de que o sínodo de Jânia – cerca de 90 A.D.,
encerrou o cânon do Velho Testamento. Esta afirmação não corresponde à
realidade, porque dentre os dois problemas principais ventilados neste
Concílio, um dizia respeito a alguns livros, que certos eruditos achavam que não
deviam estar incluídos no cânon. Este concílio defendeu a canonicidade de
quatro livros contra os ataques da "Escola de Shammai", que não
queria que eles figurassem entre os demais. Os livros eram os seguintes:
a) Ester,
por não fazer menção do nome de Deus;
b) Cantares,
por ser considerado por muitos mero canto de amor;
c) Eclesiastes,
por causa do espírito pessimista que permeia o livro;
d) Provérbios,
por possuir capítulos de autores desconhecidos.
Cânon
do Novo Testamento
As
mesmas perguntas já formuladas quanto ao cânon do Velho Testamento podem ser
repetidas aqui:
– Quem
coligiu os escritos?
A
igreja cristã crê firmemente que foi o Espírito Santo que orientou os servos
de Deus dos primeiros séculos na seleção dos livros neotestamentários.
Convém
recordar que os primeiros cristãos que constituíam os diversos núcleos ou
igrejas da Palestina, da África, da Ásia Menor, de Roma, etc., acreditavam
que a volta de Cristo seria para breve, por isso não se preocuparam em
registrar por escrito os empolgantes acontecimentos relacionados com a vida
de Cristo e Seus sublimes ensinos. Os apóstolos e primeiros discípulos
perpetuavam, sobretudo, a tradição oral composta quase exclusivamente de
fatos da vida de Jesus. Com o correr do tempo, foram, naturalmente, compostos
escritos fragmentários, que divulgaram palavras de Jesus (as Logias) e
outros, mais cuidados e ampliados, que assinalavam fatos, milagres,
acontecimentos da vida de Jesus.
Os
livros do Novo Testamento foram surgindo sem desígnio, sem previsão, sendo
coligidas as palavras de Jesus, as narrações de Sua vida, os atos dos
apóstolos, as cartas apostólicas, o livro de Apocalipse.
Embora
haja intermináveis controvérsias concernentes a data em que foram escritos
alguns livros do Novo Testamento, os estudiosos parecem estar mais ou menos
de acordo que o primeiro livro escrito foi I Tessalonicenses em 51; e em 96
ou 97 João escreveu o Apocalipse.
É
questão também muito aceitável entre os eruditos que o Evangelho de Marcos é
o mais antigo, escrito entre os anos 65 e 67. São Mateus data aproximadamente
do ano 70. Lucas mais ou menos, dessa mesma época e João na última década do
primeiro século.
F. F. Bruce, no livro Merece Confiança o Novo
Testamento? atribui as seguintes datas às epístolas paulinas: Gálatas 48
A.D., I e II Tessalonicenses 50, Filipenses 54, I e II Coríntios 54-56,
Romanos 57, Colossenses, Filemon e Efésios 60, aproximadamente.
As
Epístolas Pastorais, em virtude do seu conteúdo, são posteriores às paulinas
63-64.
De
acordo com a Crítica Textual, e esta idéia é aceita pela maioria dos
comentaristas – Mateus e Lucas se abeberaram em Marcos, o primeiro Evangelho
a ser escrito, mas recolheram material de outras fontes, como o notável
documento "Q" (do alemão Quelle, fonte).
Este documento "Q" original nunca foi encontrado, mas o notável
exegeta Harnack tentou reconstituí-lo. É bom notar que
há neste sentido muitas conjecturas baseadas em tradições.
Note
bem: Outras idéias e datas são apresentadas e também as conhecemos, como por
exemplo que o livro de Mateus foi o primeiro Evangelho escrito e que João
escreveu o seu Evangelho depois do Apocalipse, etc, etc.
Não há
aqui afirmações definidas e taxativas.
Influência
de Márcion Sobre o Cânon
O mais
antigo catálogo de livros neotestamentários de que temos conhecimento direto,
foi elaborado em Roma pelo herege Márcion, cerca do ano 140 A.D. O desafio
dos mestres heréticos, especialmente Márcion, que rompeu com a Igreja de Roma
cerca de 150 D.C., serviu de estímulo e de motivo para a Igreja tomar
consciência da necessidade de fixar o cânon.
Márcion,
não compreendendo bem os ensinos paulinos, pregava uma doutrina de dois
deuses: o Deus do Antigo Testamento: Justo, o Criador, juiz severo dos
homens; Jesus, superior ao Deus Justo, enviado para libertar os homens da
escravidão àquele Deus. Cristo foi crucificado através da malícia do Deus
Justo. Por crer neste dualismo rejeitou o Deus do Velho Testamento e também o
cânon desta parte da Bíblia. O cânon apresentado por ele à Igreja consistia
apenas do Evangelho do Lucas, purificado de todas as citações do Antigo
Testamento e de dez epístolas paulinas, deixando fora I e II Timóteo e Tito.
Para ele apenas Paulo tinha sido o único e verdadeiro apóstolo de Cristo.
Mesmo
dos livros conservados em seu cânon ele removeu todas as frases que pareciam
favorecer o Deus do Velho Testamento. Foi o primeiro cristão a fazer parte da
Alta Crítica. Afirmava ele: "Eliminemos a lei e fiquemos apenas com a
graça!" E como os cristãos primitivos apreciavam a idéia, Márcion
exercia grande influência sobre eles. Justino Mártir afirmou que quinze anos
após a publicação do seu cânon e de seu livro Antítese ele possuía seguidores
ao redor do mundo.
Márcion
nasceu numa localidade chamada Ponto. Tertuliano escreveu o seguinte a
respeito desse lugar:
"Habitam ali
os povos mais ferozes. .. Suas mulheres preferem a guerra ao casamento, e, o
clima é tão rude como o povo. Nada, porém, é tão bárbaro e atroz, em Ponto,
como o fato de Márcion haver nascido ali." (Contra Márcion 1:1).
Por
causa de suas idéias heréticas foi excomungado pelo próprio pai, que era
bispo. Foi cognominado por Policarpo como sendo o primogênito de Satanás.
Além
da heresia marciana houve outros movimentos discordantes com os ensinos escriturísticos,
como o docetismo, o gnosticismo e o montanismo, que levaram a igreja
primitiva a apressar a catalogação dos livros sagrados.
O
cânon do Novo Testamento foi ainda criado para proteger os escritos dos
apóstolos de muitos escritos apócrifos. A partir do fim do segundo século A.
D. a igreja começou a organizar o verdadeiro cânon cristão. O documento mais
antigo e mais importante que mostra isto é o chamado Fragmento Muratoriano,
escrito mais ou menos no ano 200 (esta é a data aceita, porque seu autor diz
que o Pastor de Hermas não podia ser lido na Igreja, por ter sido escrito
recentemente), mas descoberto somente em 1740 por Muratori.
Este
documento apontava a como livros correntemente aceitos, os quatro Evangelhos,
Atos, treze Epístolas de Paulo, três Epístolas de João, uma Epístola de
Judas, duas de Pedro e o Apocalipse de São Pedro (este considerado apócrifo
mais tarde).
Os
responsáveis pela organização do cânon do Novo Testamento tiveram como norma
e inspiração os livros canônicos do Antigo Testamento. Neste trabalho houve
um processo de seleção efetuado por meio de agentes humanos, mas inspirados
pelo Espírito Santo.
Antes
da existência do Volume Sagrado, cada livro, individualmente, circulou pelas
comunidades cristãs, para que estas fizessem um trabalho de seleção, baseado
no seu autor, na qualidade literária e no seu conteúdo intrínseco.
No
início o cânon se preocupava com os livros que contavam a história de Cristo,
por isso os quatro Evangelhos e Atos dos Apóstolos foram os primeiros a serem
reconhecidos como sagrados, inspirados por Deus, porém, a aprovação dos
Evangelhos abriu caminho para a aceitação das Epístolas.
Divergências
na Introdução de Alguns Livros
Houve
uma profunda polêmica a propósito da introdução de alguns livros no cânon do
Novo Testamento, como II Pedro, I e II João, Tiago, Hebreus, Judas e
Apocalipse. De todos estes foi o Apocalipse o que ofereceu maior dificuldade
para ser enumerado no Cânon Eclesiástico. Aqueles que se opunham a introdução
destes livros criaram um termo para esta discussão – Antilegômena, isto é,
debatido, contestado, controvertido.
Hebreus
foi difícil ser colocado no cânon por crerem alguns que seu autor não era
Paulo, mas esta idéia é contestada por outros. Finalmente foi colocado porque
os estudiosos concluíram que o livro possui profundo valor espiritual.
Nem
todas as cartas de Paulo foram publicadas, mas as que foram são suficientes
para o qualificarem como o mais produtivo autor do Novo Testamento.
Fixação
do Cânon
De
acordo com F. F. Bruce:
"Os
primeiros passos no sentido da formação de um cânon de livros cristãos
havidos como dotados de autoridade, dignos de figurar ao lado do cânon do
Velho Testamento, a Bíblia do Senhor Jesus e Seus apóstolos, parecem haver
sido tomados por volta do começo do segundo século, época em que há evidência
da circulação de duas coleções de escritos cristãos na Igreja." (Merece
Confiança o Novo Testamento? p. 31).
O
quarto século viu a fixação definitiva do cânon dentro dos limites a que
estamos acostumados, tanto no setor Ocidental como no Oriental da
cristandade. Apenas no quarto século é que o termo cânon passou a designar os
escritos sagrados.
Numa
carta de Atanásio, a trigésima nona, do ano 367, dirigida a seus bispos, está
uma lista dos livros da Bíblia, a primeira a conter os 27 livros do Novo
Testamento como os temos hoje. Destes ninguém deveria tirar, nem a eles
acrescentar coisa alguma. Esta carta foi muito importante para as igrejas
gregas no Oriente, quanto à aceitação do cânon, e sua influência logo se fez
sentir na Igreja Latina, pois sabemos que as Igrejas do Oriente e do Ocidente
divergiam quanto aos livros canônicos. Assim o Apocalipse de João era aceito
no Ocidente, mas não no Oriente, Hebreus e Tiago eram aceitos no Oriente, mas
não no Ocidente. Jerônimo e Agostinho acataram a orientação dada por
Atanásio.
O
cânon apresentado por Atanásio prevaleceu sobre o de Euzébio de 26 livros e
obteve a vitória final daí por diante.
Os
Concílios de Hipona (393) ao norte da África e o de Cartago (397),
ratificaram este cânon, proibindo o uso de outros livros pelas igrejas, como
Didaquê, Pastoral de Hermas e Epístola de Barnabé.
Foi a
Igreja, que guiada por Deus, formou o cânon, determinando depois de longos
debates que livros deveriam ser rejeitados e que livros deveriam ser
recebidos.
Critérios
Para a Canonização
De
modo sintético os critérios usados para a canonicidade foram os seguintes:
1ª)
Inspiração dos livros que estavam sendo considerados, I Pedro 1:21. Após a
leitura do livro, este era julgado pelo próprio conteúdo.
2ª)
Catolicidade do livro. Escrito para todas as pessoas da época. Deveria também
ser conhecido universalmente, isto é, ter sido aceito por todas as igrejas.
3ª)
Coerência na doutrina. Graças a este critério alguns livros foram deixados de
fora.
4ª)
Apostolicidade do Escrito. Deveria ser de fonte apostólica ou de assessor
direto do apóstolo.
Quatro
Evangelhos ou Um?
Desde
o fim do segundo século os Pais da Igreja sentenciaram que só existe um único
evangelho, por isso, devemos dizer: Evangelho "segundo" São Mateus,
"segundo" São Marcos, "segundo" São Lucas,
"segundo" São João, a fim de bem assinalar que se trata de um único
comunicado aos homens, segundo manifestações diversas.
Livros
Não Introduzidos no Cânon
Até
meados do quarto século alguns livros eram agregados aos demais do Novo
Testamento, mas que posteriormente foram retirados como nos provam
manuscritos antigos.
O
Códice Sinaítico, mais ou menos do ano 350 A.D., incluía a Epístola de Barnabé
e o Pastor de Hermas, obra escrita mais ou menos no ano 110. O manuscrito
Alexandrino contém a Primeira e a Segunda Epistolas de Clemente. A colocação
destes escritos é uma prova de que naqueles idos lhe atribuíam certo grau de
canonicidade.
Pela
leitura atenta da Bíblia se conclui da existência de outros livros que se
perderam, mas estão mencionados nos livros canônicos. Dizem os eruditos, que
destes pelo menos 16 foram citados em Josué 10:13; II Samuel 1:18; I Reis
4:32, 33; 11:41; 14:29; II Reis 1:18; I Crônicas 29:29; II Crônicas 9:29;
12:15; 20:34; 26:22; Judas 14, 15.
Estes
livros foram escritos para situações especiais, com aplicações locais, e em
virtude destas circunstâncias não foram introduzidos no cânon. Suas
mensagens, embora úteis para necessidades locais, não foram reputadas de
transcendental importância para as gerações futuras.
ORDEM
CRONOLÓGICA DOS LIVROS DO VELHO TESTAMENTO
Leroy E. Froom
"A
familiarização com a ordem cronológica dos livros do Velho Testamento é
desejável, a fim de obter um acurado conhecimento do tempo ou colocação do
ministério de cada profeta em relação com os movimentos e crises principais
em Israel, juntamente com os das nações vizinhas.
Segundo
as autoridades mais dignas de confiança, é geralmente aceito que o livro de
Jó seja o mais antigo do Velho Testamento, escrito por volta do ano 1600
A.C.; e Malaquias, o último dos profetas do Velho Testamento a escrever, ao
passo que Neemias provavelmente escreveu bem pouco antes de Malaquias – mais
ou menos em 400 A.C.
JÓ. –
"Antes que os primeiros poetas do mundo houvessem cantado, o pastor de
Midiã registrou as . . . palavras de Deus a Jó." – Educação, pág.
158. A autoria de Moisés lhe é amplamente atribuída pelos exegetas. Supõe-se
ser o mais antigo dos livros da Bíblia. A composição é inteiramente
patriarcal. É inconcebível que, tratando do pecado, do governo divino e da
relação do homem para com Deus, nenhuma alusão à lei e ao sistema mosaico
nele aparecesse, se já estes houvessem sido dados. Quanto ao tempo, vem
cronologicamente depois de Gênesis 11.
Há
uniformidade da parte de todas as autoridades no tocante à ordem dos livros
do Pentateuco, chamado pelos judeus "A Lei" ou "torah", a
primeira seção dos sagrados escritos.
PENTATEUCO. – A
autoria mosaica do Pentateuco é reconhecida por todos os exegetas
conservadores. "O Pentateuco, como obra de Moisés, . . . formou uma
divisão do cânon e em conformidade cronológica ocupou o primeiro lugar na
coleção." – Davis. "Nas
cópias do manuscrito, que antecedem a era da imprensa, a ordem dos livros da
Torah . . . é universalmente a mesma:" – Margolis. Assim se chamavam
eles: Gênesis (princípio das coisas); Levítico (Levitas, Sacerdotes, Leis e
Ordenanças); Números (Recenseamento e Peregrinações); e Deuteronômio (Repetição
da Lei).
JOSUÉ.
–
Primeiro livro da segunda divisão judaica: "Os profetas" ou
Nebilim, os quais, por sua vez, estão divididos em "Primeiros"
(Josué, Juízes, Samuel e Reis) e "Últimos." "A ordem . . . dos
primeiros profetas é universalmente a mesma." Margolis, pág. 13.
"Não há variação na . . . seqüência de Josué, Juízes, Samuel e
Reis." Enciclopédia Judaica, vol. 3, pág. 144.
JUÍZES. –
Este livro cita os nomes dos juízes que se levantaram para livrar a Israel do
declínio na desunião que seguiram à morte de Josué. Registra sete apostasias,
sete servidões a sete nações pagãs, e sete livramentos. Autor desconhecido,
mas possivelmente Samuel.
RUTE. – O
tempo dos eventos é afirmado ser "nos dias em que julgavam os
juízes" (cap. 1:1). Deveria ser lido em conexão com a primeira metade de
Juízes. A genealogia termina com Davi. Autor: possivelmente Samuel.
I e II
SAMUEL.
– No cânon hebraico os dois são considerados um só. I Samuel 1 a 24, escritos
por Samuel; o restante, provavelmente por Natã e Gade (I Crôn. 29:29).
Registam o estabelecimento do centro político de Israel em Jerusalém (II Sam.
5:6-12) e o centro religioso em Sião (II Sam. 6:1-17; comparar com o Cap.
5:17). Sião e Moriá eram eminências distintas. II Samuel marca a restauração
da ordem por intermédio da entronização de Davi como rei. Com Samuel começa
notável linha de profetas-escritores, que continua até Malaquias.
I e II
REIS.
– Também considerado outrora um livro em duas partes. Registam os reinados de
todos os reis, de Salomão até o cativeiro. Elias, Eliseu, Jonas, Joel, Amós,
Oséias, Isaías, Miquéias, Obadias, Naum, Jeremias, Sofonias e Habacuque
profetizaram durante esse período. Também aparece dentro desse período um
grupo inteiro de profetas orais. Não se descobre a identidade do autor,
possivelmente tenha sido Jeremias.
I e II
CRÔNICAS. – Semelhantemente, um só e livro no cânon judaico.
Conquanto sejam principalmente uma repetição, suplementam o relato dos Reis,
omitindo certos aspectos, mas apresentando registro mais completo de Judá e,
por assim dizer, nenhuma história de Israel. Supõem muitos haver sido Esdras
o compilador. O livro de Isaías já existia quando estes foram escritos (II
Crôn. 32:32). Provavelmente o último dos livros históricos, com exceção de
Esdras, Neemias e Ester. Fazem uma série de monografias de Natã, Samuel,
Gade, Ido, Jeú e numerosos outros profetas orais. Cumpre observar que os
eventos e seu registro nem sempre são sincrônicos, como no caso de Gênesis e
Jó. As Crônicas são colocadas em último lugar no cânon judaico.
SALMOS.
–
O nome significa "louvores". Pertence à terceira seção conhecida
entre os judeus por "Os Escritos" ou kethubhim. Muitos deles têm
que ver com experiências especais ou crises. Vinte e um se referem
definidamente a episódios na história de Israel, desde Moisés até a
Restauração. Davi é o autor da grande maioria, apesar de os títulos no alto
dos capítulos atribuírem salmos a Moisés, Salomão, filhos de Asafe e Etã.
Autoridades declaram que estes títulos são parte integrante dos salmos.
CANTARES
DE SALOMÃO. – "Cânticos" é outro título. Este livro
acha-se em todas as listas antigas. Atribuído a Salomão (Cap. 1:11).
PROVÉRBIOS
– Pronunciados e compilados por Salomão. Ele os colocou em ordem. Os
capítulos 25-29 foram transcritos no tempo de Ezequias. Os capítulos 30 e 31
são, respectivamente, de Agur e Lemuel.
ECLESIASTES
–
O nome significa "O Pregador", Indubitavelmente, foi escrito perto
do fim da vida de Salomão, e trata do problema da vida.
JONAS.
– Provavelmente o primeiro dos profetas "menores" (assim chamados
porque seus escritos são mais curtos do que os dos profetas
"maiores", e não por serem de menor importância, ou por haverem
profetizado depois destes). Viveu e profetizou durante o reinado de Jeroboão
II (II Reis 14:25).
JOEL. –
Começa a grande era da composição poética. Um dos primeiros dentre os
profetas "menores". Não existe indicação direta quanto à data. O
peso da evidência haveria de colocá-lo pouco antes do ano 800 A.C.
Possivelmente contemporâneo de Eliseu, e não muito distante do período de
Oséias e Amós.
AMÓS –
Escrito quando Uzias era rei de Judá e Jeroboão II, de Israel (Cap. 1:1).
Ambos os monarcas tiveram reinados longos. Limitando sua profecia ao reinado
destes reis, a data mais provável de sua autoria deve ser, aproximadamente,
de 780-730 A.C.
OSÉIAS. –
Contemporâneo mais novo de Amós, continuando até depois do cativeiro de
Israel. Seu ministério foi longo. Profetizou no reinado de Uzias, João, Acaz
e Ezequias, de Judá, e Jeroboão II, de Israel (Cap. 1:1). Uzias e Jeroboão
foram contemporâneos por vários anos. Colocado entre os profetas menores em
primeiro lugar, porque seu escrito é um dos maiores.
ISAÍAS
–
O primeiro dos profetas "maiores". A visão inaugural data do ano da
morte de Uzias. Seus trabalhos se estenderam através de longo período – cerca
de sessenta anos. Contemporâneo de vários profetas.
MIQUÉIAS.
–
Contemporâneo mais novo de Isaías (Cap. 1:1; comparar com Isa. 1:1).
Profetizou antes da queda de Samaria (1:1 e 6; Jer. 26:18), e durante o
reinado de Peca e Oséias, em Israel, e de Jotão, Acaz e Ezequias, em Judá,
NAUM. –
Profetizou pouco antes da queda de Nínive, ou apenas bem pouco antes do ano
600 A.D. Relata a destruição de Nô-Amom (Tebas), ocorrida cerca de meio
século antes dessa data.
SOFONIAS. – Viveu
na primeira parte do reinado de Josias (Cap. 1:1) e foi contemporâneo, em
parte, de Jeremias. Fala da destruição de Nínive como estando no futuro
(2:13).
JEREMIAS. –
Recebeu o chamado para profetizar quando ainda jovem, no décimo terceiro ano
de Josias (1: 2), enquanto Sofonias estava proclamando mensagens vibrantes.
Durante anos seus ensinos foram orais; então lhe foi ordenado que escrevesse
(36:1 e 2). Trabalhou durante longo período – mais que quarenta anos.
Contemporâneo de Habacuque, Ezequiel e Daniel. Testemunhou o fim de Judá e a
queda de Jerusalém.
LAMENTAÇÕES. –
Hinos fúnebres de Jeremias, quando em meio às ruínas de Jerusalém, e
testemunhando-lhe a subversão, com a alma comovida à vista dessa desolação.
HABACUQUE. –
Profetizou nos últimos anos de Josias, na véspera do cativeiro, isto é, pouco
antes de 600 A.C.
EZEQUIEL. –
Levado para Babilônia durante a segunda parte do cativeiro, no reinado de
Joaquim (cap. 1:2), pouco depois da deportação de Daniel. Profetizou durante
vinte e dois anos (1:2 e 29:17). Contemporâneo de Jeremias e Daniel.
DANIEL. –
Levado para Babilônia durante o reinado de Jeoaquim (1:1). Profetizou durante
o período do cativeiro. Contemporâneo de Ezequiel e Jeremias. Provavelmente,
sua profecia foi colocada entre "Os Escritos" porque, embora Daniel
tivesse o dom de profecia, não exercia oficialmente o cargo de profeta.
"Em todos os catálogos dos escritos do Velho Testamento, fornecidos
pelos primeiros Pais, até o tempo de Jerônimo, Daniel é classificado entre os
profetas, geralmente na posição que ocupa na versão comum. Na Versão dos
Setenta, também é classificado entre os profetas, depois de Ezequiel. . . . O
lugar designado a Daniel não foi, pois, . . , o que teve no período
precedente ou o que ocupou originalmente." – McClontock e Stong.
OBADIAS.
–
É difícil precisar a data: antes ou pouco depois da queda de Jerusalém. As
evidências internas dão preferentemente crédito à última.
ESDRAS
–
História parcial da restauração depois do Exílio. Primeiramente unido a
Neemias como um só livro, em duas partes. Cronologicamente, segue pouco
depois de Daniel. Abrange a História desde a queda de Babilônia até 456 A.C.,
ao passo que Neemias narra os eventos ocorridos até perto de 432 A.C.
Evidentemente, o cânon foi organizado no tempo de Esdras.
AGEU –
Profetizou aos restantes depois do Exílio, a data exata é o segundo ano de
Dario (1:1).
ZACARIAS –
Começou logo depois de Ageu (comparar o Cap. 1:1 com Ageu 1:1), e certamente
sobreviveu a seu contemporâneo. A primeira data que aparece no livro é o
segundo ano de Dario (1:1 e 7); a última, é o quarto ano do reinado do mesmo
rei (7:1).
ESTER –
Cronologicamente, o livro segue Esdras 6. Os eventos deram-se no reinado de
Xerxes I, entre as duas expedições. Autor desconhecido.
NEEMIAS –
Provavelmente escreveu pouco antes de Malaquias, seu contemporâneo. Continua
e completa o registro de Esdras. O uso da primeira pessoa denota sua autoria.
MALAQUIAS – O
último dos profetas do Velho Testamento que se dirigiu aos restantes vindos
do exílio, como Neemias é o último dos historiadores desse período.
Contemporâneo de Esdras e Neemias. Profetizou durante a ausência deste último
que estava na Pérsia." (Este artigo foi publicado na Revista
Adventista, novembro de 1971, págs. 4-6).
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